O ano é 2021 e o mundo está familiarizado com as mais diversas linguagens,  sejam elas concretas ou abstratas, características dos mundos reais ou virtuais.  

Comparado a alguns anos atrás, demos saltos substanciais, e por muitas  vezes surpreendentes. Quem diria, por exemplo, há dez anos, que hoje em dia  as aulas seriam ministradas por meio de computadores, tablets ou celulares? 

A linguagem, é claro, acompanhou essa movimentação, não somente em vocábulos ou  abreviações, mas também nas formas de produzir sentido.  

Os recursos multimodais como emojis, figurinhas, áudios, fotos com filtros,  vídeos curtos com música e dancinhas irreverentes auxiliaram no processo de  consumo e autoria o que antes era expresso apenas com palavras escritas. 

E como as crianças foram impactadas por isso? 

De forma natural, novas formas de comunicação foram incorporadas ao dia a dia das  crianças. Ao utilizarem aqueles recursos mencionados anteriormente, a produção de  sentido ganha uma dimensão mais ampla e diferenciada. A noção de alfabeto, por  exemplo, além da sequência ABCDE, também aceita a configuração QWERTY, típica  do teclado do computador; a autoimagem pode ser percebida, modificada e expressa  de acordo com um filtro ou uma voz diferente; e até o processo de segurar um lápis 

com firmeza é compartilhado com o movimento dos dedos numa tela touchscreen ou  uma pegada firme no mouse. 

Utilizar as telas digitais também modifica a lógica da sequência temporal. A percepção  de tempo e a relação “causa e efeito” são diferentes das tradicionais.  

Ao contrário de cadernos pautados, com linhas e margens, e que seguem a sequência  cronológica da fala (sujeito-verbo-predicado), as telas permitem uma infinidade de  arranjos e temporalidades que podem ser exploradas pelas nossas crianças. 

E a língua inglesa, então? Que por meio de sua utilização e compreensão garante  que as nossas crianças possam transitar em diferentes meios ou aplicativos,  e participar de forma competente e responsável nas práticas sociais digitais. 

E como se aliar a esses “novos” modelos didáticos? 

Por mais que a princípio esse momento em que estejamos vivendo pareça inevitável  ou sobrecarregado de tecnologias, informações e obrigações, repare que, desde o  título desse artigo até o último subtítulo, a palavra “novo” está entre aspas. Talvez  muito dessa natureza já ocorra de modo ‘offline’ e que possamos investir tempo em  família: 

  • Ao ler livros literários com seus filhos (nossos storybooks, por exemplo), além da história, tente explorar o que as imagens querem transmitir. Faça perguntas e  estimule a criança a reconhecer alguma palavra em inglês;
  • Proporcione atividades em família como colagens, desenhos colaborativos,  em que numa mesma folha de papel várias ideias estejam em justaposição, dando  liberdade criativa à criança quando for compartilhá-las; 
  • Pratique contação de histórias de forma livre. Peça que a criança crie cartões  com imagens ou palavras-chave que deverão estar presentes na narrativa; 
  • Encoraje momentos de “você sabia?” ou de adivinhas com objetos, fenômenos  ou pessoas familiares à criança. Assim ela vai se sentir segura para explorar  criativamente as características de tudo que a cerca. 

Os quatro exemplos foram 100% fora dos meios digitais e podem desenvolver  de forma colaborativa, criativa e participativa, competências que, quando o melhor  momento for apropriado (e isso dependerá de cada família), o filho transferirá para  suas relações com o conhecimento, tempo, consigo e com o outro na virtualidade. 

Você pode estar lendo esse artigo pelo computador, celular ou tablet, e logo,  logo seus filhos utilizarão esses mesmos meios (ou haverá outros?) não somente  para estudo, mas para explorar possibilidades comunicativas, de aquisição e  gerenciamento de conhecimento, e de produção de sentido. 

Que tal apoiá-los nessa descoberta do mundo multiletrado e discutir desde cedo  o que querem contar para o mundo, como participarão nesse universo cheio de  informações e acima de tudo, como fazer isso tudo com respeito e responsabilidade?

Quer se aprofundar um pouco mais no assunto? Clique aqui e assista o vídeo “Inglês para a vida!”

Artigo escrito por Pedro Ribeiro – Educational Developer da International School