Às vésperas do ENEM – O Caminho de Encontros
05/11/2025
Prof. Robson Ribeiro
A avalanche de informações disponíveis cria a ilusão de conhecimento, quando, na verdade, o que se multiplica é a superficialidade. As novas gerações estão imersas em um mundo de respostas rápidas, sem tempo ou interesse para a reflexão profunda. O resultado é um preocupante, há uma marca em que, em grande parte os estudantes vivem um empobrecimento intelectual e emocional, que se manifesta na falta de senso crítico, na incapacidade de sustentar argumentos e na dificuldade de lidar com as próprias frustrações.
Tal quadro, porém, não é responsabilidade apenas da escola: os pais precisam compreender que a educação dos filhos não se limita à presença física ou ao cumprimento de deveres materiais. É preciso um envolvimento real, consciente e ético na formação humana de seus filhos pois, a ausência dessa participação, reforça comportamentos imaturos e atitudes desmedidas que comprometem o desenvolvimento intelectual e social.
Vivemos uma época marcada pela aparência do saber, mas não pela sua essência. Em sala de aula, essa realidade se mostra de forma clara e preocupante. Muitos estudantes se comportam como se aprender fosse uma opção, e não uma responsabilidade. Confundem liberdade com falta de limite, confundem opinião com verdade e resistem a qualquer tentativa de orientação como se todo limite fosse uma agressão.
Essa postura rebelde, longe de revelar autonomia, denuncia a fragilidade emocional de quem nunca foi verdadeiramente chamado à responsabilidade ou, se foi, sempre mostrou fragilidade e não soube lidar com a frustração. De fato, quando confrontados com as consequências de seus atos, mostram-se inseguros e incapazes de sustentar o próprio discurso, um reflexo direto da ausência de formação moral sólida e do excesso de permissividade.
O cenário torna-se ainda mais grave quando os pais, em vez de apoiar o trabalho dos educadores, assumem uma postura defensiva, justificando as falhas dos filhos ou ignorando a gravidade de suas atitudes. A omissão e o comodismo familiar alimentam o ciclo da imaturidade e transformam a escola em palco de disputas, e não de aprendizado. Educar é um ato coletivo que exige coerência entre o que se ensina em casa e o que se reforça na escola, principalmente quando temos excessos de informação que chegam a todo instante em nossas redes sociais e canais de comunicação. É preciso anunciar observar que sem essa parceria (escola e família), todo o esforço pedagógico se esvazia.
Vivemos, portanto, um tempo em que a rebeldia deixou de ser expressão de pensamento crítico e passou a ser sintoma de desorientação. Muitos jovens falam sem saber, julgam sem entender e reivindicam sem compreender o que realmente está em jogo. Falta-lhes base, disciplina e, sobretudo, referência. A educação, tanto familiar quanto escolar, precisa recuperar o valor da autoridade, não como imposição, mas como guia e direção segura diante do caos da superficialidade. A convocação é urgente: somente quando pais e professores caminharem juntos, conscientes de seu papel formativo, será possível resgatar o verdadeiro sentido da educação.
É urgente ensinar às novas gerações que o conhecimento não se conquista sem esforço, que amadurecer exige enfrentar limites e que a verdadeira liberdade só tem sentido quando nasce da responsabilidade. Jean-Paul Sartre nos recorda que somos inteiramente responsáveis por nossas escolhas, ou seja, tudo o que acontece por nossa vontade é fruto direto da nossa ação. A liberdade, portanto, não é ausência de limites, mas a consciência de que cada decisão carrega em si o peso e a dignidade de nossas próprias escolhas.
Assim a verdadeira liberdade não é a ausência de restrições, mas sim a capacidade de fazer escolhas conscientes e arcar com suas consequências. Desta forma liberdade sem responsabilidade pode levar ao caos, ao egoísmo e à anarquia, onde as ações de um indivíduo podem prejudicar os outros sem a devida consideração ou reparação. Nesse cenário, a “liberdade” é superficial e insustentável.
Contudo a responsabilidade sem liberdade resulta em opressão ou servidão, onde os indivíduos são forçados a seguir regras sem autonomia de escolha. Desta maneira o valor da liberdade reside na sua aplicação ética, onde os indivíduos usam seu livre arbítrio de forma consciente, considerando o impacto de suas ações sobre si mesmos e sobre a comunidade. É a responsabilidade que confere peso, significado e sustentabilidade à liberdade individual e coletiva.
Através desta reflexão e realidade, é urgente reforçar que educar é um ato de coragem que deve ser compartilhada por todos os que acreditam que o saber ainda é o caminho mais seguro para a dignidade humana.